A despeito do que já preconiza o movimento denominado Gestalt no início do séc. XX, a nossa intuição está constantemente nos apontando para os sinais que evidenciam a natureza mágica da interação entre as coisas desse mundo. A própria Física Quântica desvelou alguns desses aspectos imateriais da realidade. Assim, se a sinergia que se estabelece no contato entre simples objetos pode se registrada cientificamente, o que dizer daquela que se cristaliza entre humanos que são aproximados por elos de identidade, semelhança de propósitos, visão de mundo e sensibilidade?
Elos dessa natureza uniram o grupo de pessoas que, há 4 anos, passou a se denominar Escola Lucinda de Poesia Viva - Salvador. Desde então, nos reunimos semanalmente para estudar, e nos deliciar, com a arte poética e a possibilidade de nos decifrar e revelar através dela. Belos recitais como os de título "É Tempo de Marear", "Aviso da Lua Que Menstrua", "Canto Quase Gregoriano", "Recital do Semelhante ou A Fúria da Beleza" e "De Canções e Passarinhos" foram fruto dessa mística relação.
Tal qual na vida, o percurso nunca foi linear. Houve percalços iniciais necessário para superar a lei da inércia e estabelecer mais claramente os princípios de diferenciação e identidade e várias foram as pedras pelo caminho trilhado. Mas cada empecilho, cada tropeço, reforçou os laços, purificou as águas dos rios que nos levavam. O que somos hoje é fruto de todos esses aspectos os quais não nos cabe classificar maniqueisticamente de bom ou mal. Vamos sempre sentir a contribuição e falta de Fernanda Neturionto, Martha Alencar, Mazé, Eugênia Galeff, Carlos Gregório, Juliana Brasil, Eshter Blanco, Mara Vanessa - em especial - e de outros tantos, embora saibamos que um pouco de cada um deles permanece conosco não só no registro histórico como na impressão carimbada em nossos corações.